Stresse Psicossocial/Depressão

Evgenia-Peristera Kouki, Psicóloga
Prof. Hariklia Proios, CCC-SLP, Professora Assistente de Doenças Neurocognitivas e Reabilitação,
Departamento de Política Educacional e Social
Universidade de Macedónia

O acidente vascular cerebral (AVC) está fortemente associado à depressão, tendo sido apontada uma relação interdependente por investigações anteriores; ou seja, a depressão é um fator de risco, mas também um problema secundário ao AVC. Estudos epidemiológicos apoiam o facto de a depressão aumentar o risco de AVC (Jonas, & Mussolino, 2000) e o risco de mortalidade por AVC em sobreviventes de AVC (Pan, Sun, Okereke, Rexrode, & Hu, 2011). De facto, os indivíduos com depressão têm um maior risco de AVC. As pessoas que sofrem stresse psicossocial intenso geralmente têm uma maior probabilidade de sofrer um AVC mais tarde na sua vida (Booth, Connelly, Lawrence, Chalmers, Joice, Becker, & Dougall, 2015). Este achado é consistente com outros estudos que indicam uma maior prevalência de problemas cardiovasculares em indivíduos com sintomas depressivos e ansiedade (Vogelzangs, Seldenrijk, Beekman, van Hout, de Jonge, & Penninx, 2010). Por último, foi reforçado que o risco de AVC se mantém aumentado mesmo depois da remissão da depressão, ao contrário do risco de outros problemas cardiovasculares que diminui assim que os sintomas depressivos diminuem (Egeberg, Khalid, Hilmar Gislason, Mallbris, Skov, & Riis Hansen, 2016).

A depressão é comum (40%) entre sobreviventes de AVC e está associada a resultados funcionais piores. O impacto da depressão nos resultados funcionais de sobreviventes de AVC é menos evidente em indivíduos que têm o apoio de familiares, assim como em indivíduos que sofreram um AVC no hemisfério direito (Ahn, Lee, Jeong, Kim, & Park, 2015). A depressão é menos frequente em indivíduos com hemorragia intracraniana (15%) e não foi associada a características demográficas (por exemplo, idade) ou à gravidade da hemorragia. Contudo, foi associada a uma recuperação mais difícil nos primeiros 3-12 meses. Os indivíduos com hemorragia intracraniana e depressão também mostraram uma maior probabilidade de deterioração com o passar do tempo (Stern-Nezer, Eyngorn, Mlynash, Snider, Venkatsubramanian, Wijman, & Buckwalter, 2017).

Outro estudo descobriu que algumas características demográficas (idade, género feminino, viver sozinho), assim como a história médica e de depressão e a gravidade do AVC (em sobreviventes de AVC) eram fatores de risco consideráveis tanto para indivíduos saudáveis como para sobreviventes de AVC. Os indivíduos com AVC e depressão também apresentavam taxas de mortalidade aumentadas, tanto para causas de morte naturais como não naturais (Jørgensen, Wium-Andersen, Wium-Andersen, Jørgensen, Prescott, E., Maartensson, … & Osler, 2016). A literatura relativa à etiologia da depressão pós-AVC vê esta doença como o resultado da interação de fatores neurológicos, como o local da lesão e os níveis de neurotransmissores, com fatores de stresse psicológico e social associados ao AVC (Fang & Cheng, 2009). Além dos fatores neurológicos supracitados, a suscetibilidade de um indivíduo ter sintomatologia depressiva também pode ser influenciada por complicações associadas, como micro-hemorragias cerebrais (Tang, Chen, Lu, Chu, Mok, Ungvari, & Wong, 2011).

Referências bibliográficas:

  1. Ahn, D. H., Lee, Y. J., Jeong, J. H., Kim, Y. R., & Park, J. B. (2015). The effect of post-stroke depression on rehabilitation outcome and the impact of caregiver type as a factor of post-stroke depression. Annals of rehabilitation medicine, 39(1), 74-80.
  2. Booth, J., Connelly, L., Lawrence, M., Chalmers, C., Joice, S., Becker, C., & Dougall, N. (2015). Evidence of perceived psychosocial stress as a risk factor for stroke in adults: a meta-analysis. BMC neurology, 15(1), 233.
  3. Egeberg, A., Khalid, U., Hilmar Gislason, G., Mallbris, L., Skov, L., & Riis Hansen, P. (2016). Impact of depression on risk of myocardial infarction, stroke and cardiovascular death in patients with psoriasis: a Danish Nationwide Study. Actadermato-venereologica, 96(2), 218-222.
  4. Fang, J., & Cheng, Q. (2009). Etiological mechanisms of post-stroke depression: a review. Neurological research, 31(9), 904-909.
  5. Jonas, B. S., & Mussolino, M. E. (2000). Symptoms of depression as a prospective risk factor for stroke. Psychosomatic medicine, 62(4), 463-471.
  6. Jørgensen, T. S., Wium-Andersen, I. K., Wium-Andersen, M. K., Jørgensen, M. B., Prescott, E., Maartensson, S., … & Osler, M. (2016). Incidence of depression after stroke, and associated risk factors and mortality outcomes, in a large cohort of Danish patients. JAMA psychiatry, 73(10), 1032-1040.
  7. Pan, A., Sun, Q., Okereke, O. I., Rexrode, K. M., & Hu, F. B. (2011). Depression and risk of stroke morbidity and mortality: a meta-analysis and systematic review. Jama, 306(11), 1241-1249.
  8. Stern-Nezer, S., Eyngorn, I., Mlynash, M., Snider, R. W., Venkatsubramanian, C., Wijman, C. A., & Buckwalter, M. S. (2017). Depression one year after hemorrhagic stroke is associated with late worsening of outcomes. NeuroRehabilitation, 41(1), 179-187.
  9. Tang, W. K., Chen, Y. K., Lu, J. Y., Chu, W. C., Mok, V. C. T., Ungvari, G. S., & Wong, K. S. (2011). Cerebral microbleeds and depression in lacunar stroke. Stroke, 42(9), 2443-2446.
  10. Vogelzangs, N., Seldenrijk, A., Beekman, A. T., van Hout, H. P., de Jonge, P., & Penninx, B. W. (2010). Cardiovascular disease in persons with depressive and anxiety disorders. Journal of affective disorders, 125(1), 241-248.